terça-feira, 18 de setembro de 2012

Cultivo


Laranjeiras vista do Alto do Cruzeiro, por Neu Fontes

Primeiro lugar no IV Prêmio de Poesia Popular João Sapateiro, que tinha por tema: "180 anos de emancipação da capital da cultura popular". 

Entre sete colinas encravadas
bem aos pés de um riacho de água pura,
uma vila de grande formosura,
tal qual uma semente, foi plantada.
No começo, não era quase nada,
mas o tempo danou-se a passar
e a semente, passando a germinar
de maneira sutil, silenciosa,
foi virando uma planta bem vistosa
que até hoje dá frutos sem parar.

Essa planta, distinta das demais,
se nutria de um jeito diferente,
não de vento, de água ou de sol quente,
mas de tudo que a sua gente faz:
suas danças e cantos ancestrais
que os escravos trouxeram do além-mar,
seus pedidos e preces, seu orar,
seu labor, seu suor, seus desafios,
suas feiras, igrejas, casarios,
sua história de luta secular...

Uma planta nutrida de tal jeito
geraria bons frutos certamente
— uma gente bastante inteligente,
que merece de todos o respeito.
Esses frutos, que canto satisfeito,
são pessoas do porte de Nadir,
de Seu Deca, que brinca o Cacumbi,
de Seu Sales, que leva o São Gonçalo...
Não me canso jamais de admirá-los
nestes versos que vou tecendo aqui.

São pessoas do porte de Zizinha
ou de Bárbara, líder das Taieiras.
São humildes, gentis e verdadeiras,
que nem Duda, Euclides e Lalinha.
Quase esqueço do Mestre Zé Rolinha,
pois são tantos que nem dá pra lembrar,
e outros tantos ainda irão brotar
dessa planta tão bela e brasileira,
uma planta chamada Laranjeiras,
capital da cultura popular.

Wedmo Mangueira - 12/07/2012



Link da matéria sobre a entrega da premiação:
http://kokalaranjeiras.blogspot.com.br/2012/09/prefeitura-de-laranjeiras-entrega-iv.html