quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Argonauta


















A Carlos Pena Filho.

Essa cor que te pinta a poesia
foi roubada metade ao oceano
e a outra metade, salvo engano,
foi roubada à serena luz do dia.

Dessa forma, e ao modo lusitano,
os poemas que a tua pena cria
tão repletos estão de maresia
que te ler é nadar em tom ciano.

Esse tom me sugere a cor do mar,
e é tão vivo esse mar que se projeta
dos teus versos pintados sobre a pauta,

que me ponho em silêncio a meditar
se te chamo somente de poeta
ou te chamo, poeta, de argonauta.

Wedmo Mangueira - 05/09/2009


Carlos Pena Filho (1929-1960) foi um poeta pernambucano, filho de pais portugueses, cuja obra se destaca, sobretudo, pelo forte acento pictórico. As cores azul e verde são recorrentes em sua poesia, bem como os temas marítimos. Foi parceiro de Capiba em muitas canções. Entre elas, destaque para “A mesma rosa amarela”, que ficou famosa na voz de Maysa. Morreu jovem, com apenas 31 anos de idade, em 1º de julho de 1960, vítima de um acidente automobilístico no Recife. Alguns dos seus poemas podem ser conferidos no seguinte site: http://www.elsonfroes.com.br/sonetario/pena.htm

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