“Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”
Fernando pessoa
Um soneto que fosse como o mar:
estrutura de sal e ventania
cuja cor acompanha a luz do dia,
cujo humor acompanha a luz lunar.
Um soneto que fosse como o mar:
tentador para aquele que o vigia,
mil perigos, contudo, propicia
ao incauto que o tenta atravessar.
Um soneto que fosse como o mar,
que ao erguer-se ante a rocha, sem cessar,
a desgasta e a transforma em areal.
Também possam meus versos, à maneira
do oceano, bater contra a pedreira
d'alma humana e tirar dela o seu sal.
Wedmo Mangueira
2 comentários:
Sou feita de açúcar, mas às vezes me cobrem de sal. Dá uma mistura exótica, mas prefiro que seus versos me devolvam o doce...
Movimento intenso, intento alcançado.
Postar um comentário