terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Naufrágio


Embora tenha nome de mulher,
corpo e cheiro de mulher
e os trejeitos e perigos
permitam supor que se trate de uma,
é mais que mulher...
É mar revolto, na verdade,
essa menina à minha frente.

Pudesse eu ser promontório,
avançaria seco ao seu encontro
e mergulharia em seus domínios,
apreendendo-lhe medos e mistérios.

Fosse-me vedado tocá-la,
contentar-me-ia em ser farol,
para, ao menos, contemplá-la à distância,
velando-lhe o sono,
protegendo-a de velhos marinheiros.

Contudo, ao fitar tanta beleza,
que mais posso querer ser,
senão nauta atrevido,
para poder passear por suas águas,
entregar-me a seus movimentos noturnos,
naufragar em meio aos seu recifes,
enroscar-me em seus sargaços
e amanhecer feliz e inerte em sua costa nua!

Wedmo Mangueira

4 comentários:

tatiana hora disse...

belíssimas metáforas!
e como adoro o mar...

joelbagsilva disse...

Nossa, que mulher/mar! MARavilhoso...

Aglacy Mary disse...

"MARavilhoso" mesmo (Joelba por aqui!) Faz par com um poema meu... creio que se chama "Medida", inspirado nesses faróis resignados (risos).

Aglacy Mary disse...

Se não chegou por mail, ei-lo: "MEDIDA"
http://aglacy.blogspot.com/search?q=medida